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MULHER NEGRA EM SALVADOR Cabelo e Corpo como forma de estética afirmativa

  • Valdíria Verdiano Costa Santos
  • 29 de ago. de 2016
  • 2 min de leitura

Quando fui informada que o tema das disciplinas Trabalho Interdisciplinar e Técnicas de Reportagem e Entrevistas deste semestre trataria do seguinte tema: “Qual é o seu Gueto?” fiquei pensativa e preocupada, afinal de contas esta pergunta é de uma amplitude sem fim. A esse questionamento cabem várias respostas, posso dizer que meu gueto é meu bairro, meu trabalho, meu curso, minha família, meu lazer, enfim um sem número de respostas perfeitamente cabíveis e igualmente empolgantes em suas explicações, porém, comecei a afunilar seu significado, pensei em meu lugar no mundo, como me vejo enquanto cidadã e ser participante deste planeta, deste país, desta cidade e me veio à mente a percepção de Salvador como a cidade mais negra fora da África e do meu pertencimento a este lugar e a este modo de vida soteropolitano e enegrecido.

Sou uma mulher negra e de cabelos crespos, um antimodelo de beleza, completamente fora dos padrões pré-estabelecidos pelo mundo afora como modelo. Aliás, o padrão europeu de beleza colocado pelos veículos da mídia brasileira são completamente fora da realidade da mulher baiana e soteropolitana, as mulheres consideradas lindas são as brancas, magras, cabelos lisos e compridos. Então percebi qual é o meu gueto: mulher, negra, pobre e de cabelos crespos (junte-se a estes predicados o fato de ser mãe solteira, ter mais de quarenta anos e sem marido, namorado ou qualquer coisa que possa ter um rótulo de “companheiro”...muitas qualidades para uma só pessoa, como diriam os adolescentes #sqn).

Neste ponto dos meus devaneios comecei a recordar a minha infância e me veio o insight: porque não delimitar ainda mais o meu tema de pesquisa? Que tal usar o cabelo como ressignificação de empoderamento da mulher negra? A maioria das pessoas vai estranhar essa co-relação: infância e cabelo, mas o que uma coisa tem a ver com a outra? Se a pessoa em questão for mulher e negra vai entender perfeitamente o lugar da minha fala, vai lembrar que na infância simulava ter cabelos enormes enrolando na sua cabeça um lençol ou uma toalha de banho. Isso mesmo, nas nossas cabeças que geralmente abrigavam cabelos curtos e crespos, sonhava ostentar as vastas cabeleiras de Rapunzel ou da Bela Adormecida ou ainda os cabelos negros como a graúna da menina de pele branca como a neve (ai, e nós com nossas peles negras).

Nesta empreitada contarei com a ajuda de duas mulheres como referenciais teóricos para desenvolver o que defino como “meu gueto” a Professora Nilma Lino Gomes e a também professora Ivanilde Guedes de Matos uma das organizadoras da Marcha pelo Empoderamento Crespo.

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